Fotografia de Parto
Divinópolis
Parto Lis e o início da história da Florença
A @listolemos compartilhou com a gente o seu relato de parto, está tão lindo, intenso e emocionante que vale a pena! Prepara o coração e vem:
RELATO DE PARTO NORMAL HOSPITALAR
Durante toda minha gestação eu fiz meditação para grávidas com a Ângela todas as sextas feiras, onde aprendi algumas técnicas que usei muito. Uma delas era encontrar seu ligar de força e eu elegi a piazza Michelangelo em Florença. Quando eu e Pedro fomos lá nos apaixonamos pela cidade e pela vista, ficamos olhando o por do sol e admirando toda a cidade. Lá tem um banco próximo a escadaria com uma flor de Lis, que é o símbolo da cidade. Era esse o lugar que eu imaginava.
Outra técnica era pedir para o anjo da guarda que me iluminasse e trouxesse a Florença pra mim. Eu elegi três anjos da guarda, minha avó Geralda (que pariu 14 filhos), minha vó Lourdes (que pariu 11) e meu tio Chico que era alucinado com criança. Essa foi a minha técnica preferida pois sempre pedia a eles pra trazerem a Florença saudável e forte e a cada meditação eles subiam os degraus da escadaria de Florença e ficavam cada vez mais próximos do alto onde eu estava.
A terceira técnica era conversar com a bebê, e eu sempre conversei mais através do silêncio, imaginando que estava conversando com ela. Sempre me emocionava.
Essas meditações me ajudaram muito nos momentos de ansiedade principalmente quando foi chegando próximo das 40 semanas. No dia 30/07 eu meditei e conversei com a Florença e eu perguntei a ela se ela iria nascer logo e ela respondeu “ainda não mamãe” e ela realmente não veio. Quando completei 41 semanas meditei novamente e falei com ela que poderia vir que eu e Pedro já estávamos prontos só esperando ela e que ela já estava prontinha e ela respondeu “eu sei”, mas não disse que viria. Também fiz uma seção de acupuntura para indução de tp com a maravilhosa da Lindsay e tomei o famoso shake que não fez nada além de soltar muito meu intestino.
Na quarta feira dia 4/08 (40 e 6dias) a Faby, nossa enfermeira obstetra, veio aqui em casa para fazer uma massagem no colo do útero com óleo de prímula e avaliar como estava. Ainda estava fechado mas bem apagado.
Foi então que ela me contou que a suíte ppp do São João de Deus estava pra ser inaugurada naquela semana. E falou “lis, estava doida pra te contar isso, quem sabe não era isso que a Florença estava esperando”. Agora eu entendo que eram nossos anjos cuidando para que eu pudesse ter um parto humanizado lindo.
Como já estava marcada a data Limite para a indução (domingo dia 08/08), pois já estava com com 41, eu comecei a pedir muito para ela nascer e me dar um sinal de que estava pronta, pois na minha gestação idealizada eu sempre pensei em esperar o bebê querer nascer no dia dele e não deixar essa decisão sobre mim (algo que trabalhei bastante em mim quando foi aproximando do final).
Na noite do dia 07 para o dia 08 (41 semanas e 3 dias) eu conversei com a Florença e perguntei se ela estava pronta e ela disse “eu tô pronta mamãe”. Peguei uma foto da minha vó Geralda e meditei e conversei com ela “vó, eu sei que amanhã é aniversário de 21 anos da sua morte e eu estou aqui esperando a Florença. Seria tão bom se eu pudesse ressignificar essa data, traz a Florença pra mim vó, conversa com ela e explica que eu estou pronta, ilumina o caminho dela pra mim.” E pedi também ao tio Chico e minha vó Lourdes pra ajudarem esse caminho dela pra mim. Nessa madrugada eu senti muitas contrações e o tampão finalmente desceu. Eu agradeci tanto aos meus anjos da guarda pelo sinal que me deram, que fiquei bem mais tranquila caso não engatasse em tp (que foi o que aconteceu).
Durante o dia as contrações pararam, e voltaram bem espaçadas uma da outra. Mas mesmo assim a Fabi foi a nossa casa e fez um toque as 18:00, e as contrações não foram eficientes pois o colo ainda estava só com 1cm de dilatação, mas bem apagado e macio. Mesmo assim o melhor era ir para a indução. Isso me deixou bem triste porque eu achei as contrações muito doloridas e não “adiantaram”.
Arrumamos o que tinha que arrumar e fomos para o hospital São João de Deus onde minha obstetra, Marina, nos encontraria e faria o exame de cardiotoco da Florença e iniciaria a indução.
As 21:00 foi inserido o primeiro comprimido de misoprostrol no colo do útero. Por volta de 2 da manhã eu comecei a ter contrações bem doloridas e espaçada lá de uns 8 minutos. E não consegui dormir direito mais.
As 3 da manhã a plantonista avaliou o colo do útero e viu que ainda estava bem fechado mas bem apagado, colocou o segundo comprimido, avaliou as contrações e disse que estavam bem graças ainda. Isso me desesperou um pouco porque eu achei que já estava muito dolorido e que não aguentaria o tp real então. Eu até tinha vomitado entre as contrações. Por volta de 8:00 da manhã a fabi e a isa (minha doula) chegaram.
A fabi achou melhor esperar a Marina para avaliar o colo do útero pra ver se colocaria mais um comprimido. Ela chegou por volta de 9:00 e avaliou quando então estava com 4 cm mas com uma fibrose do CAF que eu havia feito em 2015.
Então ela é a fabi conversaram comigo e entramos num consentimento de estourar a bolsa para ver se adiantava o tp sem ter que colocar mais um comprimido.
Foi o que fizemos. As contrações então começaram a ficar mais intensas e eu não conseguia descansar porque a Florença mexia muito nos intervalos e isso também doía muito. Eu vomitava tudo que ingeria, água, suco, chocolate, enfim, qualquer coisa. A fabi me explicou que era por causa da ocitocina que meu corpo produzia. Eu estava preocupada pois tinha medo de desidratar demais e não conseguir. Fui pra debaixo do chuveiro, com bola, música, aromoterapia e massagem que a isa e a fabi revezavam. Elas me ajudaram muito principalmente com a respiração e a vocalização.
Não lembro muito bem a hora mas em um momento os batimentos cardíacos (BCF) da Florença aceleraram muito e quase chegaram no limite preocupante. Foi então que a fabi e a Marina disseram que teria que entrar com o meu, até então, segundo maior medo, a ocitocina.
Com todo carinho do mundo e muito acolhimento, Fabi me explicou que a ocitocina faria toda diferença no parto, que regularia as contrações e o BCF da Flor.
Então começamos com a ocitocina.
As contrações vieram tão fortes quanto antes, e meu medo de não estarem eficientes continuava. Além das contrações eu continuava sentindo muita dor a cada mexida da Florença. Bola, chuveiro com Pedro, música, massagem, aromoterapia, vocalização, respiração, spinning babies e mais algumas horas se passaram e a dose de ocitocina aumentando de 15 em 15 minutos em média, chegamos até 60 (se não me engano).
Então finalmente subimos pra suíte ppp do hospital e fizemos mais um toque. Quando a Marina me disse que não havia dilatado nada desde o último e ainda estava com um edema no colo do útero, eu chorei demais, porquê eu estava com muita dor e não adiantou de nada e ainda piorou com o inchaço. Falei que não conseguiria mais. A isa tentou me acalmar dizendo que ainda faltava eu entrar pra banheira, tentar outras posições e técnicas de alívio da dor. A Fabi então disse que se fizesse massagem no colo do útero com os dedos gelados o edema poderia desinchar e me colocou em uma posição de spinning babies pra isso. Eu me agarrei nela e falei chorando muito “ fabi , eu não vou conseguir, tá doendo demais e meu colo ainda nem dilatou desde o último toque. Eu não vou aguentar mais”. Ela me abraçou e falou “Lis, sai desse racional. Tenta relaxar.
Entrei pra banheira.
A ocitocina já estava com 90.
Antes de entrar pra banheira Li minhas frases de afirmação, olhei minhas fotos que tinha levado inclusive uma minha e do Pedro na piazza Michelangelo. Na banheira eu me soltei toda, mergulhei de cabeça mesmo, entrei em “transe” e deixava as ondas de cada contração chegar e vocalizava muito a cada contração. O silêncio era o que eu precisava naquele momento e todos respeitaram. Pedi pra minhas avós e meu tio Chico trazerem ela pra mim inúmeras vezes. Conversei com a Flor, me imaginei em Florença e meus anjos da guarda já no alto da escadaria me entregando ela.
Até que as contrações começaram a se modificar e eu já queria fazer força de expulsão. Já estava gritando muito e não conseguia mais relaxar. Os BCFs da Florença estavam bem. Ouvi a Marina dizer que eu não poderia demorar muito mais para evoluir por causa da plaquetopenia gestacional e que se precisasse de uma cesárea de urgência era arriscado uma hemorragia. E isso ao invés de me desesperar me deu mais força pra conseguir parir, eu tinha que parir e logo e não poderia pedir anestesia para não atrasar mais o processo. A pediatra Mellyna chegou nesse meio tempo e eu desesperei porque eu achei que seria a Mayara. Meu coração disparou e foi difícil voltar pro “transe “, mais uma vez a Fabi me acalmou.
Então veio a hora do toque e pra surpresa de todos a Marina diz “vocês não vão acreditar, já está com 9 pra 10 cm.”
Então a força de evacuar era cada vez mais forte, os gritos maiores e eu agarrava com toda minha força no Pedro e na isa, que revezava com a Fabi. O calor era intenso, ela revezam pra me abanar com um leque. Aí começou a queimação do círculo de fogo e eu comecei a colocar a mão na vagina pra ver se sentia a cabeça da Flor e a impressão que eu tinha era de que não, pois eu tocava em algo liso. A cada contração eu fazia mais força pra ela nascer e ela ia e voltava, o Pedro viu ela coroando e ficou muito feliz e isso me deu mais força e eu gritava “ vem Florençaaaaa”.
Até que finalmente eu consegui, 40 minutos depois do último toque. Pari ela na água, com a membrana no rostinho (por isso achava que não estava tocando nela) e uma circular de cordão. Ela veio direto pro meu colo e a Dra Mellyna apenas deu os paninhos pra aquecer e secar ela. Logo ela começou a chorar e corar. Esperamos o cordão parar de pulsar e o Pedro cortou. Eu cheirei a cabecinha dela e disse pro Pedro “amor, tem cheiro de chocolate. Ela é linda, é a sua cara”.
Eu então olhei pra todo mundo em cara de choque e falei assustada “eu consegui!?”. E todos riram e disseram que sim , que eu era muito forte. E eu finalmente conheci minha força. Tivemos nossa Golden hour e foi lindo demais. Que sorte ter chegado uma pediatra tao humanizada e que respeitasse nosso momento. Pedro me abraçava e chorava de felicidade e dizia quão orgulhoso estava de mim. Eu não chorei porque ainda estava em choque que tinha conseguido. Mas o amor era tão grande que se estendeu a todos que estavam lá, falei que amava todo mundo e agradeci mil vezes a todos.
Florença nasceu de um sonho muito forte meu de ser mãe, e o Pedro me deu esse sonho. Agora eu só tenho a agradecer meus anjos da guarda, ao Pedro que foi o melhor companheiro que poderia ter, aos meus pais que me apoiaram tanto e a todos da equipe que escolhi pra me acompanhar.